Uma escultura de três macacos instalada no templo xintoísta de Toshogu em Nikk?, no Japão – um dos patrimônios mundiais reconhecidos pela UNESCO – tornou-se mundialmente conhecida e reproduzida em outras figuras que não apenas macacos. Você já deve ter visto em algum lugar 3 budas, 3 sapos ou 3 bonecos representando os gestos de Não Falo, Não Ouço e Não Vejo.
A lenda dos três macacos sábios tem sua origem na mitologia chinesa. É uma história surpreendente protagonizada por três curiosos personagens: Kikazaru, o macaco que não ouve, Iwazaru, o macaco que não fala, e Mizaru, o macaco que não vê.
Mizaru, Kikazaru e Iwazaru, literalmente significa:
- miru=olhar
- kiku=ouvir
- iu=falar
- zaru=negar
A formação dos seus nomes pode ser traduzida como “Não olhe para o mal, não escute o mal, não pronuncie o mal”.
Estas três criaturas singulares foram enviadas pelos deuses como observadores e como mensageiros. Deviam registrar todos os atos e maldades da humanidade para, mais tarde, levar ao conhecimento das divindades.
Esses mensageiros divinos eram representados pela seguinte ordem:
- Kikazaru, o macaco surdo, era quem observava todas as pessoas que cometiam más ações. Mais tarde, ele as repassava ao macaco cego através da fala.
- Enquanto isso, Mizaru, o macaco cego, transmitia as mensagens do macaco surdo para o macaco mudo, Iwazaru.
- Iwazaru, o macaco mudo, recebia as mensagens do macaco cego e, por sua vez, vigiava o cumprimento da pena imposta pelos deuses aos seres humanos, já que era ele quem decidia a punição que eles deveriam receber.
A filosofia por trás do simbolismo dos macacos vem de uma lenda Tendai-budista, na qual os macacos são usados para representar o ciclo de vida do homem.
O provérbio “não veja o mal, não ouça o mal, não fale o mal” é chamada no Japão de “regra de ouro”, onde se encontra outros ensinamentos que ajudam a promover harmonia entre as pessoas: Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem à você.
Segundo a religião budista, os gestos dos três macacos representam a divindade de seis braços Vajrakilaya, onde o principal ensinamento é não ouvir, ver ou falar mal, pois dessa forma, nós mesmos seremos poupados do mal. Em outras interpretações dizem que as estátuas dos Três Macacos Sábios simbolizam paz e harmonia, protegem o lar das energias ruins e ajuda a evitar que o mal se espalhe.
Esse provérbio “Mizaru, Kikazaru e Iwazaru”, “Não olhe para o mal, não escute o mal, não pronuncie o mal”, que em inglês é conhecido como “See no evil, Hear no evil, Speak no evil” serve como uma reflexão, uma forma de olharmos para dentro de nós mesmos, afastando tudo o que nos faça mal e nos dando a chance de sermos cada dia melhores do ponto de vista espiritual.
No entanto, existe um paralelo entre a mensagem dos macacos e os três filtros de Sócrates.
Muito resumidamente, esta história atribuída ao sábio ateniense diz que um discípulo veio à sua casa para lhe dizer que um amigo o havia criticado. Antes que o mensageiro pudesse continuar, Sócrates perguntou se ele já havia passado o que queria dizer pelos três filtros, que correspondem a essas três perguntas:
- Verdade : Você examinou cuidadosamente se o que você quer dizer é verdadeiro em todos os seus pontos?
- Bondade : O que você quer explicar é pelo menos bom?
- Necessidade : É imperativo que você diga isso?
No caso de Sócrates, seu discípulo respondeu aos três filtros com um “não”, ao qual o sábio responderia:
– Se o que você queria me dizer não é verdade, nem bom nem necessário, é melhor enterrá-lo no esquecimento.
O macaco que cobre sua boca, Iwazaru , está relacionado aos três filtros de Sócrates, que são um método para não transmitir o mal. Pessoas que estão sempre com fofoca podem ser agradáveis ??a princípio, mas aqueles que as ouvem ficam imediatamente em guarda, por temer – com razão – de serem alvo de críticas na próxima ocasião. Portanto, falar mal dos outros nos desacredita.
A lição do macaco que cobre os ouvidos, Kikazaru, é que, sempre que possível, não devemos ouvir as mensagens negativas que os outros querem transmitir para nós. Embora não propaguemos diretamente as fofocas, o fato de ouvi-las já intoxica nossa mente.
O terceiro macaco, Mizaru , recomenda que não olhemos para o lado escuro da realidade, a menos que estejamos saindo de um poço. Todos os dias, muitas coisas positivas e negativas acontecem conosco. Se colocarmos nossos sentidos no segundo, tudo será difícil e exasperante. Por outro lado, se nos concentrarmos no lado ensolarado do mundo, incluindo as virtudes dos outros, nos moveremos muito mais leves.
A sabedoria da mensagem dos três macacos correu o mundo e, na decoração, ganhou a forma de outros animais ou figuras.
Aqui no Primavera Garden amamos os enfeites Não Falo, Não Ouço e Não Vejo!
Fontes:
- Wikipédia
- Japão em Foco
- A Mente Maravilhosa
- Pensar Contemporâneo